segunda-feira, 11 de julho de 2011

Recebendo Daniele Brito em "Bipolar"

O blog da Dani foi um dos primeiros que eu comecei a seguir e sempre que o meu tempo permite passo lá para dar uma olhada no que de bom ela tem postado. Um belo dia, com mais tempo sobrando fui fuxicar as postagens mais antigas e me deparei com uma em que a Dani se apresentava como bipolar. Nesse momento minha visão sobre essa mulher mudou completamente e passei a admira-la não só por conviver com tal transtorno como também por sua coragem de se expor como tal.
Eu como profissional da área sei o quanto a vida de alguém se transforma depois de receber um diagnóstico e admiro profundamente as pessoas que sabem lidar com eles sem se enclausurarem dentro da denominação.
Entrego a vocês agora uma parte do mundo da Dani que eu espero ajude a todos a desmistificar um pouco as tantas crenças a respeito da saúde mental. E à você Dani, meu muito obrigada cheio de admiração.


BIPOLAR


 


Você já se imaginou preso a algo que vc não vê? Acorrentada sem correntes? Cansada, desanimada, desestimulada sem nenhum motivo aparente? Pode ser depressão.
E de repente amanhecer super disposta, se sentindo a pessoa mais feliz do mundo, com uma capacidade de raciocínio fora do normal, extremamente ágil para executar ações corriqueiras, com uma sensação de invencibilidade que te faz esquecer o passado cinza, tão recente, como se nunca o houvesse vivido? Pode ser mania (euforia).
E a soma dessas duas fases, é a tal da bipolaridade. Prazer, sou Daniele, 31 anos, casada e mãe de dois filhos que foi diagnosticada como bipolar em 1997.
Não foi fácil aos 17 anos, aceitar essa condição, essa doença que me acompanharia por toda a vida. Não tem cura, apenas perspectiva de melhora. E nessa fase, louca por si, vivi a gangorra emocional da bipolaridade com toda a sua força!
Nenhum relacionamento passou incólume a isso. As brigas com minha mãe, irmãos e namorados faziam parte da minha rotina. Ora me fazendo de vítima, ora os provocando com minha falsa felicidade histérica.
As pessoas que conseguiram enxergar o ser humano por trás de algumas características não muito agradáveis, continuam na minha vida até hoje, amparando e consolando e puxando a orelha quando necessário.
Depois de muitos altos e baixos, de perturbadoras e violentas crises, aceitei fazer o tratamento medicamentoso e terapêutico.
Por anos a fio, fiz litemia a cada três meses, para medir a quantidade de lítio no sangue e, assim, ajustar a medicação.
Não seria saudável passar a vida culpando a bipolaridade justificando todos os erros, por isso a terapia é importante. Chega um momento em que é preciso se educar, domar a agressividade, aprender a ser assertiva, aprender, sobretudo a se relacionar com o outro.
Graças à terapia consegui achar um ponto de equilíbrio nessa eterna roda viva.  
Foi buscando conhecimento, que aprendi a me aceitar. Conhecendo outros testemunhos, que pude perceber que eu não estava só e pude me libertar da culpa, sempre tão pesada.
Não tenho crises há longos dez anos, ou seja, desde que casei. E meu marido, ficou sabendo de minha condição desde o primeiro instante e foi com muito afinco e por muito amor, que aprendeu a se relacionar comigo. Aprendeu a calar e eu aprendi a ouvir. Tudo na hora certa.
Convivo muito bem com quem tem noção de respeito.
Já prometi pra mim, várias vezes que não iria mais falar disso com ninguém. Pois, uma vez que você se assume, todas as suas emoções passam a ficar engessadas.

Tiram o seu direito de se entristecer, de se emputecer, de se alegrar, de não se calar... É preciso coragem pra assumir, mais ainda, pra se fazer respeitar!
Que fique claro: sou bipolar e continuo sendo humana, certo? Com todas as emoções inerentes à esta raça. E, como mulher, continuo com o feroz carrossel de hormônios.
E é como eu sempre digo: sou uma mulher comum com seus dias de lua e suas noites de sol.

7 comentários:

  1. Olá, é estranho dizer isso e está sendo a primeira vez, mas fui diagnosticada com Bipolaridade tb e nossa, como é dificil essa "gangorra de emocoes" depressão e euforia alternados numa velocidade incrivel e sem motivos. To aprendendo a viver com isso, mas tem sido dificil!
    Adorei o post! Beijos

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  2. Comigo é a Síndrome do Pânico e a Fibromialgia. Lutas constantes pela melhor qualidade de vida...

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  3. Muito bacana!
    É maravilhoso ver depoimentos como este; mostram que para qual for o problema a solução começa conosco.

    Meus parabéns!

    Abração.

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  4. Cami, adorei a participação aqui no Entre quatro paredes. Espero que ajude outras pessoas a não sentirem vergonha e se aceitarem como são...
    Com um pouco de esforço, podemos aprender a lidar com nossas próprias limitações.

    Obrigada pelo convite! Fiquei lisonjeada com a apresentação...

    Super beijo

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  5. Dani,
    imagina! Eu fui quem fiquei muito feliz por vc topar falar de um tema tão delicado.
    Obrigada mais uma vez.
    Bjos

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  6. Camila,
    é difícil sim mas o que na vida não é difícil?! O mais importante é vc entender o que se passa com vc e se respeitar apesar disso.
    Bjo

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  7. é Bibia, todos temos problemas e limitações...

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