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Como é difícil nesse mundo não ter um Deus pra amar!!!
Eu fui batizada, crismada, por tempos sonhei com um casamento na igreja de véu e grinalda mas, desde que me tornei "pensante" nunca segui uma religião. Tinha tudo para ser o que se costuma chamar "católica não praticante" mas nunca me descrevi assim. Ao contrário, minha ânsia por respostas à princípio, e depois por conhecimento, me fez percorrer inúmeros caminhos. Neles, o catolicismo me indignava com sua ostentação de riqueza e poder enquanto tantos morrem de fome, os evangélicos me tiravam do sério com sua hipocrisia imposta, os tambores da umbanda me arrepiavam e suas entidades me fascinavam, o cardecismo me confortava e o budismo me tranquilizava. Mas entre tantas, eu tinha a minha, ou melhor não tinha nenhuma. Eu tinha o meu Deus, sem forma, sem rosto, apenas, energia e sentido para vida. Sentido que transcendia todo o meu entendimento mas no qual eu acreditava. E durante anos eu vivi assim... nos meus altos e baixos eu sempre encontrava um significado maior para tudo. Em todas as dificuldades, logo em seguida me sentia recompensada por um detalhe qualquer que se apresentava e lá eu via o "dedo de Deus" ainda que, do meu Deus. De todas as vezes em que quase morri, sempre tirei um aprendizado maior que me fazia entender e "superar" a dor pelo tempo perdido e pelas marcas deixadas. Até que esse ano não deu mais. Rompi! Rompi com o meu Deus. Desacreditei, desconstruí! E percebi... como é difícil nesse mundo não ter um Deus pra amar!!! Depois de uma dor emocional sem precedentes, depos de ser arrancada de mais um sonho sem porque, depois de mais uma vez sentir o que é quase morrer e, tudo isso, em menos de 12 meses, não aguentei e de um dia pro outro eu não tinha mais no que crer. É difícil por si só porque, de cara, você fica sem ter a "quem" recorrer... sabe quando bate o aquele medo e você apela lá pra cima?! A sua boca balbucia, ensaia um "meu Deus" pra começar a pedir mas o som soa estranho e você percebe palavras vazias. O vazio vai além das palavras. O mundo se torna grande demais, frio demais e vc... pequeno demais, indefeso demais, sem um PAi pra te proteger. Você se sente sozinho, se sente pequeno, você não é mais filho de um Deus e merecedor de que tudo dê certo. Agora tudo depende de você e só de você. Não é mais só fazer tudo certo pro Pai te recompensar... É cruel ser ateu!!! E mais... e se você estiver errada??? Vai pagar por isso depois??? Ou pior... agora! Mas isso tudo é apenas parte e uma luta que você trava consigo mesma.A segunda parte vem dos outros. Impressionante como é fácil aceitar a crença dos outros, ao menos no Brasil, e difícil demais conviver com a descrença. As pessoas sempre julgam que você precisa de uma fé e que não pode ser feliz sem ela. Portanto se elas gostam de vc, te julgam merecedoras da fé, acreditam que um dia você vai encontrá-la (no meu caso, reencontrá-la) e fazem de tudo pra te guiar até ela.
No meu aniversário, eu recém rompida com a fé religiosa, com os Deuses e dogmas, recebi de uma pessoa queridíssima, que estava super à par da minha descrença, um kit com cd e livro do Padre Marcelo, um terço e um outro livro que ensinava o rosário. A intenção era me reaproximar da minha fé. As palavras dela "Eu podia te dar qualquer coisa mas sei que o que você mais precisa agora, é voltar a ter fé". Eu sei que a intenção era a melhor e por se tratar de quem me presenteou, guardei a caixinha com carinho mas ainda sem ter coragem de mexer. No entanto, me senti completamente invadida e desrespeitada ao receber tal presente. Por que a fé é mais digna do que a não fé??? Por vezes admiro a fé daquela mulher, que sempre, em qualquer circunstância está alí resignada às vontades de um Deus. Outras, sinto pena. Sua fé é muito maior do que a minha o foi em qualquer momento. Sua fé em um Deus. Tenho fé na vida, tenho fé em mim e acho que a minha fé sempre foi muito mais nessa direção, ainda quando, eu tinha um Deus. Mas as pessoas não se contentam com isso e não deixam você se contentar. Eu respeito a fé de qualquer um, até porque, não há nada em que eu acredite mais, do que na fé mas, eu quero que as pessoas respeitem também a minha descrença, seja momentânea ou não. Não me incomodo com frases do tipo "Fique com Deus", "Durma com Deus", etc, só não aceito a imposição de ter que acreditar no Deus de cada um.
Hoje, transito entre a descrença e a fé, não consigo sustentar nenhuma posição. Olho para a minha vida e ainda acho certas passagens cruéis demais para que eu possa afirmar que tenho um Deus olhando por mim e me guiando. No entanto, outras tantas, não se parecem com nada além de presentes divinos, não encontro explicações para que as mereça. Enfim, ainda busco um sentido para os últimos acontecimentos e, enquanto eu não achar, vai ser difícil voltar a acreditar... Sei que a fé vai muito além do racional mas a minha sempre esteve presa a ele e não sei ser diferente...
Cito aqui uma pessoa queridíssima que entrou na minha vida, eu acredito, que para me ensinar muito e me transformar em alguém melhor "Meu Feliz Natal deste ano vai para todas as crianças desse Planeta porque nós, adultos, ainda não aprendemos a nos comportar. Paz, luz, sonhos e igualdade para todos!" (Henrique Diniz) Cito porque compartilho da mesma opnião e dos mesmos desejos. Ainda assim, desejo um Feliz Natal à todos os que acreditam. E torço para que o espírito Natalino de renascimento se faça presente em cada um, independente de suas crenças, para que possamos transformar nosso mundo em um mundo melhor!!!
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Menina, você é um encanto! Sou kardecista e devota de São Jorge, mas entendo perfeitamente tua posição. Algumas coisas na minha vida só passaram a fazer sentido quando aprendi que "nada é por acaso" e "coincidências não existem" . Bjo princesa!
ResponderExcluirEnfim, alguém me entende Fê... e tinha que ser vc, né?! rs
ResponderExcluirPra mim nada é por acaso e coincidências não existem. Isso não mudou. Pra mim tudo tem um porquê, só ainda não descobri qual é...
Bjos