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Hoje é Dia das Crianças e eu poderia abordar esse tema aqui das mais diversas formas... poderia, por exemplo, falar da minha infância, o quanto foi doce, pura e repleta de magia, como deve ser; ou poderia falar da criança que ainda hoje vive em mim e que, eu faço questão de não deixar morrer; poderia falar dos meus sobrinhos amados que são minhas eternas crianças... mas hoje se faz imperativo pra mim refletir sobre o que estamos contruido para nossas crianças e que crianças estamos construindo.
Olho ao redor e vejo crianças sem escolas, sem família, sem alimento, sem lar. Crianças jogadas nas ruas. Algumas desde bem novas entregues aos mais variados vício. Outras desde bem novas trabalhando como escravas para ajudar a colocar comida em casa e sustentar uma família que não foi ela quem criou. Crianças roubando, crianças matando, crianças vendendo seus corpos. Crianças que deveriam estar brincando e estudando como qualquer outra. Crianças invisíveis aos olhos de um país! Essas são as crianças pobres, que o país acha que pode deixar pra lá, esquecendo-se de que elas também serão o amanhã.
E as não tão pobres assim, as de classe média, as ricas??? Será que a situação é muito melhor? Não sei...
Vejo crianças em escolas públicas que não se preocupam com o aprendizado, não se preocupam em ensinar. Se o nível de ensino é fraco, vamos baixar o nível de cobrança nas provas para que todos possam passar, o importante é aprovar para se alcançar metas, números, estatísticas que digam que o país está "crescendo". País nenhum cresce sem educação de qualidade. Vejo crianças em escolas particulares, onde também não podem ser cobradas, reprovadas... isso "atrapalha" os planos dos pais. O jeito é passar, senão perde o aluno pra uma escola mais fraca. A maré não está boa pra ficar perdendo aluno e quem se importa mesmo com a educação?!
Vejo crianças com famílias "bem sucedidas" mas onde os pais, não tem tempo de educar eles "tem" que trabalhar para sustentar então não dá tempo de amar e ensinar. À esses pais cabe apenas sustentar e realizar caprichos. Empurram para escola o que seria dever deles e, pagam bem por esse "favor" então, sentem-se no direito de impor limites na educação. Calma lá, sem repreensões porque "se eu não brigo com meu filho quem é uma professora para brigar?". A professora torna-se apenas mais um "produto" comprado pelos pais. Assim, pais ausentes invertem valores tentando compensar em presentes o que não conseguem dar em carinho e atenção, não conseguem impor limites por se sentirem culpados e superprotegem das repreensões porque para eles soa um sofrimento à mais. E assim cria-se uma geração com valores invertidos onde o ter passa a ser mais importante que o ser, onde se acredita que amor se compra, onde se acredita que dinheiro trás felicidade e depois vai todo mundo parar no divã de um analista sofrendo de solidão. Bons modos, caráter, princípios se aprende em casa, com pai e mãe.
Vejo crianças de 4, 5, 6 anos transformadas em mini adultos, o dia inteiro vidradas em Computadores, IPads... usando redes sociais antes mesmo de aprenderem a ler escrever, via pais e mães irresponsáveis. Meninas nessa mesma idade usando maquiagens, esmaltes nas unhas dos pés e das mãos, saltos... pulando etapas tão importantes. Crianças cantando e dançando músicas que a inocência sequer permite que elas se dêem conta do significado do que estão dizendo, do simbólico dos movimentos que fazem enquanto dançam. E pais e mães orgulhosos de seus pequenos "talentos". São esses mesmos pais que vão reclamar quando aos 10 anos seus filhos não tiverem mais inocência e quem sabe, ainda criança estiverem gerando outras crianças.
Vejo casais tendo filhos como se fossem bonecos. Fazem e depois empurram para os avós as responsabilidades de cuidar, de sustentar porque muita vezes nem mesmo conseguem se sustentar ainda, porque são muito novos e se acham no direito de curtir a vida sem hora, sem choro, sem obrigações para com outro ser. Vejo mulheres fazendo filhos para prender maridos, namorados ou qualquer um que dê na telha. Vejo homens fazendo filhos, irresponsávelmente, em diferentes mulheres e depois "deixar pra lá". Os adultos de hoje se esquecem que filhos são crianças, crianças tem vida, vão crescer e vão sofrer com as escolhas erradas de quem deveria cuidá-los, protegê-los e amá-los.
Agora eu pergunto... é isso que queremos para as nossas crianças? Quem constrói o mundo em que elas vivem e do qual nós reclamamos somos nós mesmos. Você acredita mesmo que essas crianças terão um mundo melhor do que o nosso? E hoje, comprar um presente caro para a comemoração da data basta?
Feliz dia das crianças pra quem??? Quem é a criança que você está construindo? Acordem, pais e mães, vocês estão construindo hoje o futuro dos seus filhos, vocês podem torná-los adultos maduros, dignos e felizes ou fazê-los eternos errantes, frustrados e impotentes diante da vida. A escolha é de vocês e é feita a cada dia!
Eu deixo aqui o meu desejo de feliz dia à todas as crianças e que cada dia, de cada uma delas, possa ser vivido sempre da forma mais perene e inocente possível. Que todas as crianças possam curtir a magia das bonecas, dos carrinhos, de correr, pular... e que se mantenham o maior tempo possível de suas vidas distantes da "prisões" das redes sociais, das maquiagens, dos saltos... da vida de adulto da qual a gente depois que entra não se liberta nunca mais. Crianças sejam crianças! Pais, alimentem as crianças em seus filhos e em vocês próprios e cuidem para que suas crianças sejam apenas crianças, esse é o melhor presente que vocês podem lhes dar.
Olá Camila.
ResponderExcluirO seu texto fala sobre uma verdade incômoda que muitas pessoas ignoram. Cada vez os pais estão mais ausentes, sejam aqueles mais pobres ou os que possuem uma boa condição financeira. Essa ausência impede a formação do caráter das crianças, impossibilita que elas sejam inocentes, como você mesma já concluiu no post.
Só posso aqui reforçar o seu apelo aos pais e às demais pessoas para que olhem pelas crianças de hoje e zelem pelo seu futuro mais digno.
Primeira vez visitando seu blog. Gostei. Tenha um bom domingo.
Nossa que texto completo! É exatamente isso! Que criança?! Dá um medo danado do futuro isso!
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