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Hoje, pela primeira vez na história comemoramos o Dia do Atleta Paralímpico e ontem foi comemorado o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência. Ambas as datas se entrelaçam de alguma forma à minha história. Não sou muito ligada a termos, essa coisa do "políticamente correto" por vezes até me irrita um pouco, outras, chega a soar até um tantinho mais preconceituoso do que o "políticamente incorreto". Pra mim o que vale é a naturalidade, o dizer sem maldade, o encarar sem barreiras. O termo "pessoa com deficiência" por exemplo, à mim não diz nada, não difere ninguém, afinal, quem não as tem?! Sejam físicas, cerebrais, cognitivas, emocionais, visíveis ou invisíveis, todos nós as temos. Mas ok, se é esse o termo a ser utilizado, falemos das "Pessoas com Deficiência", pessoas comuns, como eu mesma, ou como nossos atletas que brilharam dias atrás nas Paralimpíadas de Londres e se tornaram ídolos.
Eu, como deficiente, posso dizer que a data comemorada ontem possui um significado muito maior do que o político, porque a "Luta das Pessoas com Deficiência" é uma luta diária, gigante que se estabelece dia a dia até mesmo nos pequenos exercícios cotidianos. Não falo aqui da luta política, falo da luta que se inicia, para muitos, no momento em que abrimos os olhos, muitas vezes até pela própria saúde, que de tão fragilizada pela deficiência tem que ser conquistada diariamente. Exercer pequenas tarefas cotidianas as quais as pessoas nem se dão conta, muitas vezes pra nós exige um elevado grau de superação e determinação e assim, a cada dia novas batalhas se colocam a nossa frente, no meio do nosso caminho. Por isso tenho orgulho de dizer que somos guerreiros, somos sobreviventes e somos todos vitoriosos todos os dias. E por isso também, digo sem medo, que a data criada é um dia para nossa comemoração mas deveria ser ainda, um dia para que todos possam refletir e entender que não é justo que quem já tem tudo de forma tão mais fácil se permita dificultar ainda mais a vida de quem já tem que lutar tanto pelas coisas mais banais. Pense, reflita, seja educado! Respeite vagas especiais, rampas, lugares reservados para portadores de necessidades especias, ou seja lá como quiserem chamar. Isso não será um grande sacrifício para você e, com certeza, facilitará muito a nossa vida.
E o dia do atleta Paralímpico, ah, esse foi criado para homenagear os guerreiros que deixaram de ser anônimos, e que apesar da deficiência esbanjam eficiência. Há poucos dias atrás eu vivi o momento em que traballho e orgulho se entrelaçaram, ao ver nossos atletas paralímpicos retornarem vitoriosos de Londres. Senti orgulho por fazer triplamente parte desse time, via Comitê Paralímpico e por estar representada em Londres enquanto pessoa com deficiência e enquanto brasileira. À esses atletas, que superam todos os dias dificuldades como as minhas e não perdem a garra, meus eternos aplausos!!!
E nesse universo, eu ainda tenho a honra de ter os meus ídolos particulares, chamados Marcos Nunes e Viviane Pereira, dois desses enormes guerreiros que não param de se superar, dia a dia e com quem sempre aprendo mais e mais. Dois lindos deficientes sem limites. Marquinhos, meu amado amigo "não precisa" andar pois ele vai muito além, ele sabe voar! E Vivi, minha linda amiga, que desconhece a palavra deficiência e faz sua alma dançar. À eles, toda a minha admiração e meu muito obrigada porque eles me ensinaram a voar e a dançar muito além dos limites do corpo e dos limites que a vida nos impõe.
E o meu pequeno Leo, afilhado e mascotinho, presente da amiga-irmã Mari Hart, que vive a sorrir e encantar todos os que tem o prazer de dele se aproximar. Leo, eu não poderia deixar de citar, porque ele é o retrato de que deficiência não é motivo pra chorar.
Neste dia, meu muito obrigada à todos, família e amigos, que fizeram parte da minha luta particular, me ajudando a superar cada obstáculo cotidiano, me ensinado que eu não preciso de pernas para caminhar.
"Deficiente é quem não consegue modificar a sua vida, aceitando as imposições dos outros e da sociedade, ignorando que é dono do seu destino; louco é quem não procura ser feliz com o que possui; cego é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas." (Mário Quintana)
Que lindo!
ResponderExcluirNem sei o que comentar, me vi acenando um "sim" com a cabeça em cada parágrafo seu.
É isso aí, a pessoa não é a deficiência, e todos somos diferentes uns dos outros. Conhecer o que nos faz especiais (cada um seu dom) e não se deixar abater é o que há.
Parabéns aos nossos atletas paralímpicos e a você, pela garra que demonstras.