segunda-feira, 4 de julho de 2011

Recebendo Thalita Kalix em "O novo é assustador"

Conheci a Thalita já aqui em Brasília e trabalhamos juntas durante mais ou menos um ano. Durante esse tempo nossa convivência foi mais no dia-a-dia atarefado de ambas e sem muita intimidade. Até que a Thalita resolveu largar tudo para mergulhar em uma nova experiência. Foi à partir de então que nosso relacionamento transpôs o "horário comercial" e comecei a admirar a Thalitinha e toda a sua coragem.
Entrego à vocês agora o texto dessa jornalista que está se despedindo da carreira para se profissionalizar em outra coisa que já faz muito bem, cozinhar. E à você Thalita, agradeço pelo texto e desejo muita boa sorte para que mais uma vez você se realize. 


O novo é assustador

Amsterdã

É super clichê, mas cada vez que saímos da nossa situação cômoda, na qual estamos habituados, o medo toma conta. A ansiedade é a primeira a dar as caras: os pesadelos começam a nos visitar todas as noites, dores de cabeça, de estômago, cada hora um sintoma nos atormenta.
O mais incrível é quando passamos por uma situação pela segunda vez e, mesmo assim, sentimos tudo isso de novo. É o que estou vivendo desde que decidi dar um tempo no jornalismo e tentar a sorte na gastronomia - transformar o meu hobby em trabalho. No dia 15 de agosto embarco para Paris, onde frequentarei a escola de gastronomia mais conhecida do mundo. Isso deveria me deixar radiante, mas, confesso, em muitas horas, me apavora.
A insegurança é enorme: me pergunto por que, cargas d'água, deixei uma profissão na qual era bem sucedida apesar de apenas três anos de experiência para começar do zero em algo que nunca fiz profissionalmente - cozinhar é apenas um gosto, afinal. O medo de não alcançar o sucesso, de falhar, de não conseguir acompanhar o curso, de não me virar na cidade, tudo cresce de uma forma irracional. Por que sair de casa, de perto do meu meio, do meu namorado, dos meus amigos, da família que cultivei nesses sete anos de Brasília?
Essa é a segunda vez que moro fora do Brasil, mais especificamente na França. Só que na primeira, em 2008, quando passei sete meses, eu fui com mais três amigas - que falavam melhor o francês do que eu. Elas eram uma segurança e tanto! Além do que, eu fui com a volta marcada e perspectivas em Brasília: terminar a faculdade, que faltava apenas um semestre.
Desta vez, nada disso se aplica e a sensação de não ter chão é forte em vários momentos. Mesmo tendo vários conhecidos em Paris, amiga de amiga que está me dando a maior força, não será a mesma coisa. Eu estarei por minha conta e risco. E estou recomeçando na profissão, não apenas dando um tempo da faculdade. Quando voltar, terei que buscar alternativas de sobrevivência...
Ok, quando racionalizo sei que não é nenhuma loucura: me viro bem na língua, tenho com quem contar em caso de problemas na França, farei uma boa escola, o que implica numa boa formação que pode abrir portas e, na pior das hipóteses, já tenho uma profissão que me permite trabalhar em diferentes áreas.
No fim das contas, mesmo que racionalmente não haja o que temer, é difícil manter a calma quando a viagem vai se aproximando. É uma nova fase começando, do zero! Não tem jeito, tem hora que dá um enorme frio na barriga do novo, do desconhecido!

4 comentários:

  1. O novo é desafiador e nos inspira. Q Deus te ajude nessa nova etapa da sua vida. Bjs e fik c Deus. Tem 2 posts novos na área.

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  2. Ahhh é ai que muita gente trava. O medo faz recuar! Excelente post!
    Bjos

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  3. Exatamente Camila. Tem pessoas que não conseguem aproveitear a inspiração que o novo traz, como bem disse a Nana. Uma pena... admiro as que seguem em frente rumo ao desafio.
    Beijo às duas.

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  4. Que delícia de experiência. Aproveite tudo!

    Boa sorte.

    Abração.

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