terça-feira, 31 de julho de 2012

Azul...

Foto retirada da internet


Azul...

Azul profundo
Azul da cor do mar
Das águas onde eu quis mergulhar
Mas se as águas estão turvas
Eu ainda posso voltar

Azul infinito
Azul da cor do céu
Do céu em que eu quis voar
Mas se o vento tras tempestade
Eu ainda posso pousar

Azul dos teus olhos
Onde eu quis me perder
Onde eu quis me abrigar
Mas se a sua vista escurece
Eu ainda posso enxergar

Brasília, 30 de julho de 2012


domingo, 29 de julho de 2012

Circo com gosto de infância


Foto: Camila Góes


Quando criança nunca fui a circos, meu pai ou minha mãe (não lembro bem) não gostava. Por um tempo mantive o fascínio pelo desconhecido, sempre pedindo para ir e recebendo sempre os mais doces nãos com diversas justificativas, até que aquilo perdeu o encanto e conseguiram me convencer de que era chato. Até que não foi difícil para mim aceitar, haja visto que aqueles palhaço de festinha de criança sempre me causavam mais medo do que qualquer outra coisa e, raramente, me arrancavam uma risada. A única coisa que continuou a me fascinar eram as mágicas e eu era compensada com caixas e caixas para aprender a fazê-las. Meu irmão, alguns anos mais velhos que eu as fazia para mim e, então, ele se tornou meu grande mágico! Até que surgiu o estraga prazer do Mister M no Fantastático e então, até as mágicas perderam a graça.
Só então na vida adulta, já independente, dona do meu dinheiro e das minhas vontades, voltei a ter vontade de ir ao circo mas não era um circo qualquer e, confesso que estreei em grande estilo, Cirque Du Soleil. E então anos após anos fui a quase todas as apresentações do circo no Brasíl, sempre encanta e fascinada por tamanha beleza e perfeição. Mas convenhamos, esse circo é muito mais que um circo e eu ainda não conhecia um circo de verdade embora conhecesse o melhor de todos.
Então certa vez, passando uns dias em Goiânia, vi que teria uma apresentação de circo e lá fui eu. Não me lembro agora o nome do circo mas era uma atração de fora, embora simples, bem simples, desses com a lona montada sobre o chão de terra e sem grandes luxos. conheci então a simplicidade dos circos, daqueles que eu deveria ter frequentado quando criança e, mais uma vez, me encantei.
Semana passada então, um convite repentino para ir ao circo. Tihany em Brasília! À princípio não me encheu os olhos, eu já conhecia o melhor e também já conhecia a simplicidade mas lá veio o papo de que o Tihany trazia lembranças da infância e, claro, me veio a cusiosidade de saber que lembranças eram essas que eu deveria ter e não tinha. Como a companhia por si só já valia à pena, lá fui eu!
O Tihany fica no meio do caminho, sendo um pouco já mais luxuoso embora nada que chegue aos pés do Cirque Du Soleil. E então, mais uma vez eu me encantei! Ri com o palhaço, me encantei com os malabarismos e, pela primeira vez, assisti a um grande show de mágica. Enfim, exceto pelos números com os bichinhos, que eu sou completamente a fovorde terem sido proibidos por conta dos maus tratos, acho que agora sei o que deveria ter conhecido na infância, agora eu conheço um circo e sua magia. E minha maior alegria, foi estar alí no meio das crianças, acho que pude voltar a infância mesmo não tendo passado por isto ainda nela. E pude me ver alguns anos adiante levando os meus filhos pra conhecer essa magia...

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Repensando padrões e conceitos!


Imagem retirada da internet


E sete dias de atestado em repouso quase absoluto me renderam sete dias de insônia, uma vida completamente desorganizada, alguns bons textos escritos, blog atualizado, um livro inteiro lido, um documentário e tanto assistido e refletido, algumas paixões de volta à tona, agumas relações reatadas, algumas certezas ainda mais claras, mais sonhos sonhados, alguns medos a mais, outros a menos porque encarados e muitas reflexões encaminhadas.
Agora cá estou eu, de volta ao trabalho, escrevendo mais uma página em branco, em branco não porque estou deixando meus riscos, meus rabiscos, meus rastros... mas sem produção, sem paixão. Algo está errado! Esses dias parados não deveriam ter sido os de atestado?! Meu corpo estava parado mas minh'alma em profundo movimento, o que me garantiu, no mínimo, crescimento. Já esse dia de trabalho... sem paixão, sem brilho, sem pulsão...
Uma coisa é certa, estou no lugar errado. Um lugar onde não há movimento, um lugar onde não há pulsar, esse não é meu lugar! E começo a repensar... repensar padrões e conceitos! Quem disse que eu tenho que estar "presa" em algum lugar para trabalhar?! Talvez existam outras formas, outors meios para eu produzir. Eu quero sim me prender mas pra mim, numa profissão tem que ser como numa relação, por paixão. Quero ficar presa dentro de um hospital, de um consultório, não entre quatro paredes posando de cartão postal.
Acho que talvez esse atestado tenha sido o ponta pé incial para um outro "estado"...

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Belo Monte - Eu não consigo pensar que não tenho nada a ver com isso. E você???




Hoje passei a tarde estarrecida assistindo ao documentário acima. Não porque algo do que tenha sido dito seja novo pra mim, mas sim porque toda vez que ouço falar no assunto ou que paro para pensar sobre, não consigo ter outra reação.
São tantos, tantos, tantos motivos de indignação que por diversas vezes já pensei em escrever sobre o tema e não consigo. Simplesmente porque não sei por onde começar, simplesmente porque não sei o quê, no todo, é mais aviltante.
Eu realmente não sei quem são aquelas pessoas que estão alí em Altamira, são todos rostos desconhecidos pra mim mas não consigo deixar de enxergar e quase sentir a dor que transparece no olhar de cada uma delas. Eu não sei quem são mas sei que são parte do meu passado e eu faria tudo ao meu alcance para preservá-las no meu futuro. Que raio de energia é essa que tanto precisamos à ponto de passarmos por cima da vida das pessoas para conseguí-la? Passar por cima de nossa história. É digno o lucro falar mais alto do que a história de um povo??? O progresso de uns vale, justifica a fome de outros?
Que raio de país é este que não tem dinheiro para saúde e para educação mas tem 30 bilhões para investir numa hidrelétrica que passará 4 meses ao ano parada sem produção? Não tem 30 bilhões para dar dignidade ao seu povo mas tem para destruir a vida de quem já tem tão pouco, para tirar o alimento de quem o consegue pescando, para tirar a moral de quem não teve estudo e não aprendeu a fazer nada na vida além de trabalhar. E ainda vem gente dizer que 4 mil pessoas serão beneficiadas porque vão sair de suas casas de palafitas? Saírão, serão jogadas em algum buraco que chamarão de casa, longe de suas famílias, longe da vida que sabem ter. Alguém perguntou se é isso que elas desejam? Essas pessoas aos 60, 70 anos aprenderam a sobreviver alí, como vão se sustentar em algum lugar que não conhecem sem que saibam fazer nada? Vão viver da esmola do governo? Do governo que nunca deu nada para eles, sequer os enxergou algum dia e hoje ainda quer tirar. É vergonhoso!!!
Falam da violência dos índios que não sabem negociar, da violência dos militantes mas quem enxerga a violência velada contra a vida daquelas famílias? A maior violência que consigo enxergar nesse campo minado que estão criando é o impedimento de um povo inteiro poder manter suas raízes e continuar levando a vida que estão acostumados a levar, a única que lhes foi oferecida até agora. Nenhum índio será vai ser atingido??? Que direitos indígenas estão sendo preservados? Um rio que se tornará seco numa extensão de praticamente 100km, trará prejuízos a fauna, a flora, aos índios e a todos nós! Será que alguém é capaz de desprezar tal dimensão?! Três populações tradicionais indígenas serão impossibilitadas de sobreviver em suas terras. 40 mil empregos durante 2 anos valem tudo isso??? É esse o grande progresso??? E depois desses dois anos? Os 40 mil empregados se tornarão desempregados e teremos apenas um problema a mais.
A FUNASA sequer escuta os índios! O IBAMA que proíbe a caça e a pesca de inúmeras espécies em extinção, libera uma obra que de uma só vez vai exterminar inúmeras espécies. O povo não quer mas o governo não ouve. As empreiteiras lucram, os políticos comemoram e a vida vai se esgotando.
Repito aqui a pergunta que foi feita no filme "como é que um país que comete esse crime pode continuar lá fora sendo defensor do meio ambiente?"
Rio +20 pra gringo ver e destruição ambiental pra quem "precisa" enriquecer! Sinto por não poder fazer mais, sinto por morar num país onde seus governantes não escutam o povo, só posso me envergonhar e não deixarei de gritar para o mundo a vergonha que tenho de meus governantes.
Ao menos se envergonhem, se indignem e gritem, exponham sua indignação para que quem sabe um dia nos ouçam. Assistam ao vídeo para que tirem suas próprias conclusões mas, por favor, não vivam suas vidas como se nada disso lhe dissesse respeito. É o nosso povo,a nossa história, nosso país, nossa floresta e nossa vida!

domingo, 1 de julho de 2012

Unesco declara Rio de Janeiro Patrimônio Mundial!




Que orgulho acordar e ler logo cedinho que a minha cidade se tornou Patrimônio Mundial! Sim, eu sou uma carioca apaixonada, orgulhosa de ter nascido na cidade mais bela do mundo e apesar de todos os seus defeitos, pra mim, ainda o melhor lugar pra se viver. Sou agradecida por muito mais do que a beleza que me foi oferecida todos os dias ao madrugar para me dirigir a faculdade ainda antes que o dia amanhecesse, por muito mais do que a beleza dos entardeceres à beira do mar, sou agradecida pelo jeito carioca de ser. Um jeitinho carioca que só quem mora no Rio pode aprender, algo mesclado, misturado, sem medo de se perder.
No entanto há algo que entristece, o descuido com a cidade, o descaso com a sociedade. Que esse título seja um orgulho à mais mas não apenas, que seja também um motivo à mais para que nós cariocas e não só cariocas mas todos os apaixonados pelo Rio, todos os frequentadores do Rio cuidemos melhor da "nossa" cidade. No Rio há lugar para todos, pobres, ricos, milionários... sempre convivemos lado a lado, favelas e mansões e no meu ponto de vista, isso apenas nos enriquece ainda mais. Quisera eu que não houvesse favelas em lugar algum do mundo, que todos tivessem condições dignas de moradia mas o fato de conviver lado a lado com elas durante a maior parte dos anos da minha vida, só me fez melhor. Não acho digno escondê-las, se elas existem, não acho digno que fiquem segregadas como acontece em tantos locais por aí, à vista de todos não nos deixa esquecer que ainda há muito a fazer.
Que fique claro que o que precisamos é cuidar da cidade, não destruir o que temos, lutar por segurança e condições dignas mas jamais segregar, jamais excluir, jamais fingir que não há ainda muito o que fazer. De resto, enquanto houver favelas, opto por conviver lado a lado com elas, opto por poder aprender com o cotidiano de tais pessoas que não tem lugar melhor pra viver, opto por dividir as calçadas com meninos vendendo balas até que eles possam estar sentados em salas de aulas e não precisem mais estar nas ruas.
Deixo aqui o meu desejo de que o Rio seja muito mais do que modelo de beleza, que seja também modelo de convivência, modelo de tolerância à diversidade e quem sabe um dia, modelo de paz!