sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Recebendo Núzia Brum em "As vezes me pergunto os porquês..."

Núzia... o que dizer?! Nenhuma palavra pode traduzir o significado dela pra mim, nenhum sentimento traduz o que sinto por ela. Amiga? Irmã? Muito mais do que isso! Quantas brigas horríveis já tivemos, quantas palavras duras já trocamos mas nunca, jamais, deixamos uma a outra. Foi ela quem primeiro me enxergou, foi ela quem primeiro brigou por mim e depois me ensinou a brigar. Brigou comigo também, gritou, esperniou mas nunca me deixou. Quantas noites sem dormir enxugando lágrimas uma da outra, quantas perdas compartilhadas, quantas vitórias comemoradas lado a lado... isso não há tempo nem distância que apague.
Durante anos brincamos nos denominando "Criatura e Criadora", respectivamente, eu e ela, hoje, falando sério, reconheço em mim muitos traços dela. Sinto sua falta ao meu lado dia a dia e sinto falta de poder amapará-la nos momentos difíceis.
Muito obrigada Núzia, por todos esses anos na minha vida, me ajudando a construir a minha história e por aceitar meu convite por "livre e espontânea pressão".  E à vocês, entrego o texto dela que sempre teve o poder de me emocionar com suas palavras ditas e escritas e que, por tantas vezes me "obrigou" a escrever. Hoje fui eu quem a "obriguei" meio "sem querer" mas vocês nem vão perceber...rs

As vezes me pergunto os porquês...



Às vezes me pergunto porquês “Deus” tirou tanto de mim. Começou levando a minha avó para sempre, depois meus mais queridos amigos foram seguir suas vidas longe, não faz muito tempo também levou a minha mãe para sempre; sobrando só eu e minha tia. Seria suficiente, porque ela é maravilhosa, se todos esses também não fizessem uma falta enorme.

É claro que quanto à morte não há mesmo o q fazer, me conformar é a melhor saída. E os amigos, nunca o deixarão de ser, ainda que longe estejam. Mas, eu sinto muita falta. Falta de tê-los sempre por perto, presente emocional e fisicamente em minha vida. Sinto saudade de viver naquele mundo perfeito e confortável. Eu era feliz, realmente, e não sabia.

Hoje, as escolhas na vida, o ritmo corrido, a falta de tempo e de grana não me permite estar com as pessoas que contribuíram pra que eu seja quem sou hoje. Não abri mão deles por escolha, a vida é que tem de suas artimanhas.

Viver é morrer todo dia, até que um dia não se vive mais. E era tão mais fácil viver e morrer cercada da certeza da presença, do abraço e do riso. Era mais fácil entender que as coisas tinham fim, mas apenas até o dia seguinte.

Sei que hoje também tenho bons amigos ao meu lado, mas eu queria que fossem todos. Mas, se cada pássaro vai construir seu ninho em um galho, assim também são os amigos. As distâncias geográficas são mera ilusão, no coração é tudo perto. Todos vivem felizes nesse condomínio feito de músculo e sangue, sístole e diástole. Eu às vezes só queria entrar dentro dele e encontrar cada um que se foi de um jeito ou de outro, novamente. Pra abraçar. Abraçar tão forte quanto fosse possível. Abraçar sem dizer nada, pois o eu te amo vem gravado na alma. E me sentir protegida e segura novamente. Eu voltaria renovada.

As vezes me pergunto...

Na maioria das vezes tenho certeza. Os amigos que fiz e ficaram no condomínio do coração, são a força que vejo nos olhos da minha tia, a doçura em suas palavras, o riso em abraço. Eu tenho todos eles na minha tia. Minha amiga e família. E não posso não me ver abençoada. Tenho todos eles numa só e ainda dentro do peito.

Mas, fazem falta. Ah se fazem! Enchem a casa, fazem barulho. Criticam seus gostos e suas idéias, mas não te abandonam por nada no mundo. Tenho amigas que estão em outro estado, amigos em outros países. Mas, se eu pudesse, traria todos de volta e colocava cada um em um quarto, junto comigo, minha tia e meus bichos. Fechava as portas, mas não trancava. Era só pra não entrar um vento frio e apagar o fogo do café. Mandava fazer uma placa escrito: Meu Mundo Perfeito, pra botar no portão. Todos seriam bem vindos, mas esses sempre serão especiais.

Um comentário:

  1. Se existe algo a ser dito sobre as suas palavras me descrevendo, é apenas: obrigada. Por tudo. Por viver uma vida inteira ao meu lado. 20 anos e mais 20. Coisas q não escolhemos, apenas encontramos na vida. Os amigos não se fazem, se reconhecem. A amizade veio sempre muito antes. É mágico, celestial. E é por tudo isso que novamente reforço, obrigada.

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