sexta-feira, 22 de abril de 2011

Preconceito velado



O que é preconceito? Chamar um deficiente de deficiente? Um negro de negro? Um cego de cego?
Sempre fui contra toda essa babozeira que a mídia divulga, pra mim não é a palavra que cria um preconceito e sim a forma como é dita ou o que é feito. E aí, tanto faz, falar deficiente ou cadeirante, afrodescendente ou negro, deficiente visual ou cego e por aí vai... O preconceito está na fala e não na palavra. Eu como cadeirante tenho amigas que se referem à mim das mais variadas formas sem que eu me sinta ofendida, isto porque, independente do termo usado ele vem respaldado pelo respeito. Enquanto outros que se expressam da forma mais politicamente correta deixam implicito nas atitudes seu preconceito.
Domingo por exemplo, voltando de uma viagem exaustiva a São Paulo, eu e mais quatro cadeirantes, em um vôo da TAM, tivemos que fazer desembarque remoto. Só nesse detalhe já faltou bom senso, um vôo com quatro cadeirantes necessita de um finger, visto que o desembarque pela escada do avião não é nada fácil para cadeirantes. E para piorar o processo, a Infraero ainda suspendeu o uso dos ambulifts (um carro de transporte até o avião ou até o saguão que possui uma plataforma que sobe e desce para evitar o transtorno e o risco da escada no embarque/desembarque) após a queda de uma pessoa em um acidente. Claro, para eles é mais fácil suspender a utilização de uma aparelho que agiliza nossa vida do que investir em melhorias.
Depois da indignação inicial, não só nossa mas também dos outros passageiros mais solidários, a TAM não teve a descência de disponibilizar um ônibus para nos locomover até o saguão. Acreditem, se possível, nosso transporte foi feito por uma van na qual só cabia um cadeirante por vez. E por uma única van. Assim sendo, era necessário aguardar a van levar cada um e retornar para buscar o outro. Imaginem quanto tempo ficamos na pista aguardando todo esse processo. Só para vocês terem uma idéia, posso dizer que em Brasília que não tem trânsito à noite, os outros passageiros todos já deveriam estar em suas casas. E ao chegar a esteira para retirar a bagagem, é claro que não havia mais nenhuma mala lá.
Isso sim eu chamo de discriminação. Por que não disponibilizar um ônibus que pudesse ao menos levar os cadeirantes juntos para desperdiçar um pouco menos nosso tempo? Por que partir do princípio de que nós temos que esperar enquanto o princípio para os outros é o extremo oposto, eles não podem esperar nem o nosso desembarque?! Não que eu ache que os cadeirantes devem ter ter preferência no desembarque, de forma alguma, só estou aqui questionando os referenciais. Deficiente não tem compromissos? Deficientes não se cansam? Ou será que como ouvi uma vez "deficiente não tem que sair para dar trabalho"?
Isso sim pra mim é preconceito!

3 comentários:

  1. JUra que vc ouviu isso?!?! Afff...

    Qto aos termos, é o que falo sobre o politicamente exagerado, usar o termo dito "correto" pode ofender mais dependendo do contexto.

    Chamar empregada de secretária do lar p. mim é um exmplo de preconceito. Meu marido tb é empregado da empresa onde ele trabalha ora bolas! pq não dizer que a doméstica que trabalha aqui tb é empregada. Isso dá uma preguiiiiça sabia!? Não tenho paciência!

    Bjos amgas, vou compartilhar mais uma vez! Vc merece!

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  2. Tô com a Mari!
    Exagero tudo isso de politicamente correto... E vc disse tudo: O preconceito não está na fala e sim nas atitudes!

    E essa que vc ouviu é de doer hein?!! Fala sério!

    Beijocas!

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  3. Sim, ouvi meninas!!! Mas não foi diretamente pra mim ouvi numa roda de conversa pela qual estava passando. Terrível, né?!
    Eu tb sou empregada do meu chefe e não vejo mal nenhum nisso. Na verdade, sou bem politicamente correta dentro das medidas mas odeio esse tipo de "obrigação", padronização. Sou super contra!
    Beijos

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